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quinta-feira, 25 de março de 2010

Regiões pobres de Minas sofrem com falta de deputados

Bertha Maakaroun - Estado de Minas Luiz Ribeiro - Estado de Minas
Publicação: 22/03/2010 08:06



Falta de oportunidades de emprego, baixa renda per capita, problemas sociais e carência de infraestrutura básica são alguns problemas recorrentes do Vale do Jequitinhonha e do Mucuri, macrorregião com menor movimentação econômica do estado e um dos mais baixos índices de desenvolvimento humano. Já a movimentação econômica em 2008, referência para a distribuição do ICMS deste ano, de apenas R$ 2,13 bilhões, corresponde a apenas 1,01% do volume de R$ 211 bilhões verificado no estado.

Região apontada por alguns deputados estaduais como área de “garimpo” – atividade que denota a prática de buscar o saldo de votos estimados para o sucesso eleitoral com a cooptação de alguns líderes políticos locais, há aí um deputado estadual, Getúlio Neiva (PMDB), que concentra 94% de sua votação sobretudo no Vale do Mucuri, mais precisamente na cidade de Teófilo Otoni, onde já foi prefeito por dois mandatos. Na bancada federal mineira, são só dois parlamentares com respectivamente, 76% e 61% dos votos extraídos nesta região: Ademir Camilo (PDT) e Fabinho Liderança (PV).

Com atuação focada nas bases municipais, os parlamentares com maior taxa de concentração dos votos no Jequitinhonha/Mucuri estão longe de preencher as demandas políticas da região. Faltam deputados com principal eixo de atuação na área e os prefeitos se ressentem disso.

Paraquedistas

No geral, deputados atribuem a baixa representação da região ao fato de os prefeitos apoiarem candidatos de outras regiões, os chamados “paraquedistas”. Os prefeitos se defendem. Dizem-se forçados a isso. “Esse sistema é perverso com as regiões mais pobres. Como as eleições municipais não coincidem com as de deputados, o prefeito eleito para conseguir recursos tem de buscar apoio com deputados que já estão no exercício da função. Ficam assim com a obrigação política de retribuir o apoio. Normalmente são deputados de fora”, afirma o prefeito de Virgem da Lapa, Averaldo Moreira Martins (PT).

Com a experiência de ter atuado 16 anos como deputada estadual, a prefeita de Teófilo Otoni, Maria José Haussein (PT), afirma que a falta de representatividade está ligada à baixa autoestima dos moradores das regiões pobres, que acabam votando em candidatos de outras partes do estado. “No Jequitinhonha há um certo desinteresse pela política, que favorece a eleição de candidatos de fora. Sempre foi assim”, avalia a prefeita.


Ela salienta que a cada eleição a região é invadida pelos ‘paraquedistas’ e os votos são pulverizados. “As votações que os deputados recebem em cada município são muito pequenas. Então, eles acabam não tendo compromisso com as cidades da região”, observa Maria José, que também não deixa de culpar os prefeitos. “Tem prefeito que apóia determinado candidato a deputado que nem conhece o seu município. Depois, o candidato é eleito e passa todo o mandato sem conhecer a cidade onde foi majoritário”, relata.

Também no Norte de Minas, onde a morte do deputado federal Fernando Diniz (PMDB) colocou a região no rol daquelas subrepresentadas na bancada federal mineira, o presidente da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), Valmir Morais de Sá, acredita que os prefeitos apóiam deputados de fora porque faltam candidatos competitivos na região. “Acho que se fossem eleitos mais deputados federais nascidos no Norte de Minas, eles fariam um trabalho mais centrado no crescimento da região e não apenas para os municípios onde foram votados”, opina o presidente da Amams.

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