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quinta-feira, 25 de março de 2010

Exposição mostra a força do barro que vem do Jequitinhonha

Sérgio Rodrigo Reis - EM Cultura

Dona Isabel Mendes e a filha Madalena, que herdou da mãe o gosto pela cerâmica. Utilitários criados por elas estão em mostra no Sesc

Pelas mãos talentosas das artesãs de Minas, da região do Vale do Jequitinhonha, passa a matéria-prima necessária para criação de obras de arte de encher os olhos. A partir desse contato com o barro, de geração em geração, as mães entregam aos filhos os segredos de como se lidar com o material cada vez mais valorizado no circuito cultural. A mesma matéria que dá vida a bonecas, bichos e seres inspirados no universo popular serve à criação de utilitários de rara beleza. Boa parte deles estão reunidos, pela primeira vez, na exposição Louça de barro, na Galeria de Arte do Sesc-MG.

Conhecida por suas bonecas premiadas, dona Isabel Mendes ganha mostra de seus utilitários




A mostra reúne peças produzidas por uma das mais conhecidas artesãs do Vale, dona Isabel Mendes. Natural de Santana de Araçuaí, onde ainda vive, a artista ficou famosa com suas bonecas, porém, seus primeiros trabalhos foram outros: louças de barro. Com o dinheiro que ganhava vendendo as peças, ela criou os 11 filhos. Aprendeu com a mãe. Fazia um balaio cheio e todas as semanas o colocava na cabeça e ia a pé pelas feiras. Ou vendia as obras ou as trocá-las por mercadorias na beira do asfalto. Aos poucos, com muita imaginação, a louça foi virando arte, a bilha se transformando em boneca e o pote de alimentos, em jarro de flores.

A tradição se mantém ainda hoje no distrito onde a artista vive, também devido aos seus inúmeros seguidores. Além de reunir objetos da artista, vencedora em 2004 do prêmio Unesco de artesanato da América Latina e Caribe, a mostra apresenta utilitários criados também pelos filhos dela: Madalena, Glória e Amadeu, além de peças da Nora Mercina. O curador Joubert Cândido explica que não há muitos enfeites, nem cores artificiais. São linhas simples com a essência do design do utilitário. “Percebemos nas peças o motivo de dona Isabel ter chegado ao patamar atual. Sua produção difere das demais. As peças já eram limpas, talvez pela necessidade de rapidez na produção pois ela fazia até um balaio delas por semana”, revela.

 LOUÇA DE BARRO

Exposição de utilitários das ceramistas do Jequitinhonha: Dona Isabel Mendes, Madalena Mendes, Amadeu e Mercina, na Galeria de Arte do Sesc-MG, Rua Tupinambás, 956, 1º andar, Centro, (31) 3279-1462. Hoje, das 12h30 às 18h30. Até 16 de abril.

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