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domingo, 16 de outubro de 2011

Bandeiras e hinos - Valorizemos nossos símbolos

Recordo-me com grande alegria dos tempos do antigo ensino primário no Grupo Escolar Teófilo Benedicto Otôni, na então longínqua cidade de Teófilo Otôni, Nordeste de Minas Gerais, entre o Vale do Mucuri e quase na entrada do Vale do Jequitinhonha.

Todos os dias, antes do início das aulas, nos perfilávamos para cantar em alto e bom som a cappella (que tem a origem no canto gregoriano e que não exige acompanhamento de nenhum instrumento musical) os hinos pátrios, enquanto se hasteava, por todos os alunos que se revezavam, as bandeiras do Brasil, de Minas Gerais e da cidade. Dos cinco dias, dois eram reservados para o Hino Nacional; nos demais, cantava-se o Hino à Bandeira, da Independência e da República. Para que ninguém atravessasse, a regência da turma era feita pela professora de canto – isso mesmo, pois naquele tempo tínhamos aulas de “canto orfeônico” – em que, diga-se de passagem, a batuta não ficava a dever a nenhum maestro.

Ao contrário do que ocorre atualmente, não havia os caros cadernos de grifes com fotos de artistas famosos. A capa principal normalmente tinha estampada a Bandeira Nacional; a contracapa, a letra do Hino Nacional. Na outra capa, a letra do Hino à Bandeira e na contracapa, um detalhado mapa do Brasil com os estados e suas respectivas capitais. As letras dos demais hinos – da Independência e da República – eram escritos no quadro-negro, e os alunos copiavam.

Fiz essa breve introdução para recordar como, com o passar do tempo, esses princípios básicos da cidadania foram sendo esquecidos. Para alguns, esse detalhe pode parecer “picuinha” e que existem coisas mais importantes. Gostaria de dizer que o procedimento de se hastear bandeiras em locais públicos é sinal de cidadania na sua maior expressão e está previsto em leis respectivas.

A Lei nº 12.031, de 21/09/2009, artigo 1º, parágrafo único, diz: “Nos estabelecimentos públicos e privados de ensino fundamental, é obrigatória a execução do Hino Nacional uma vez por semana”. É incrível, mas a maioria das escolas não cumpre essa regra elementar e tampouco conhece essa lei. Infelizmente, ao contrário do que observamos no exterior, onde vemos uma bandeira em cada esquina, inclusive nas residências, essa falta de cidadania é observada em todo o Brasil. Bandeira dos estados e municípios? Raramente se vê. Quase não se vê hasteada a Bandeira Nacional, nem na maioria dos órgãos públicos, como determina a lei. Quando as vemos, de um modo geral estão mal conservadas, e, às vezes, de forma desrespeitosa, são deixadas às intempéries, esquecidas, até que se transformem em um trapo sobre um mastro.

Soma-se a isso o fato de que, na maioria dos locais onde as bandeiras são hasteadas em tempo integral, não se procede à devida iluminação noturna como determina a lei (na falta dela – a iluminação – a bandeira deve ser retirada).

O único bom exemplo que conheço é o de Brasília que, com toda a pompa e circunstância faz mensalmente a troca do pavilhão nacional, em cerimônia que se tornou um acontecimento assistido por milhares de pessoas e que deveria ser seguido, pelo menos, nas demais capitais.

Veja-se, por exemplo, o ocorrido na mina de cobre de Copiapó, no Chile, de onde foram resgatados 33 trabalhadores. Por onde se olhava, via-se um mar de bandeiras chilenas. Observei que numa colina foi reservada uma área para as bandeiras de outros países; no entanto, não vi a do Brasil. Outra grande lição que nos deram os chilenos foi ver o presidente da República cantar a cappella o Hino Nacional juntamente com todos os presentes; realmente emocionante!

Precisamos dar uma boa educação e cultura à nossa população, aí incluída a consciência da importância dos nossos símbolos nacionais. Com a proximidade de dois grandes eventos a nível mundial – Copa do Mundo em 2014 e Olimpíada em 2016 – conclamo a senhora presidente da República, Dilma Rousseff, para que inicie, desde já, uma campanha a nível nacional no sentido da valorização dos nossos símbolos pátrios, começando por distribuir, gratuitamente, milhares de bandeiras nacionais e CDs com os hinos pátrios, acompanhados com a íntegra da Lei nº 5.700, de 1º de setembro de 1971, que os regulamenta.
Que os nossos cidadãos, de todas as idades, hasteiem e admirem com orgulho o seu pavilhão nacional e cantem com todo o vigor os hinos pátrios com o respeito que eles merecem.

Jornal do Brasil Humberto Viana Guimarães*


*Humberto Viana Guimarães, engenheiro civil e consultor, é formado pela Fundação Mineira de Educação e Cultura, com especialização em materiais explosivos, estruturas de concreto, geração de energia e saneamento

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