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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Levantamento do MEC aponta crescimento no número de matrículas de crianças cegas

Em 10 anos, o número de matrículas em escolas públicas de alunos portadores de algum tipo de deficiência visual cresceu 620% no Brasil. Em 1998, eram 8.963 estudantes. Em 2008, foram 55.915, dos quais 4.604 alunos eram cegos e 51.311 apresentavam problemas crônicos de visão. Os dados são do Censo Escolar de 2008, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) no fim do ano passado. A inclusão de cada vez mais jovens e crianças foi acompanhada do melhor preparo dos centros de ensino para acolher os estudantes com esse tipo de deficiência. Porém, apesar do avanço, professores, alunos e pais acreditam que ainda há muito o que melhorar para que o acesso à educação seja totalmente eficaz.
De acordo com a supervisora pedagógica do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais de Brasília, Susana Carvalho, no Plano Piloto não existe escola pública que não tenha pelo menos um aluno com qualquer tipo de deficiência. Porém, diz a especialista, o sistema educacional ainda não está totalmente preparado para receber um número grande desses alunos. “Falta gente especializada, recursos físicos e humanos, e ainda há a necessidade de se reduzir o número de alunos nas salas. Hoje, coloca-se, em uma sala de 30 crianças, uma com deficiência, que precisa de mais atenção e, por isso, muitas vezes acaba sendo deixada de lado. Além disso, os professores ainda estão assustados com essa mudança, pois não sabem como lidar com a situação e não foram treinados para ensinar o braille91)”, afirma.

Susana faz uma ressalva e diz ter dúvidas em relação aos números publicados pelo MEC, pois em alguns municípios há casos em que as crianças são matriculadas na rede regular de ensino, mas frequentam centros especializados. “Não sei até que ponto os dados apresentados condizem com a real situação de frequência dessas crianças dentro das escolas regulares. Mas, de qualquer forma, existe mesmo uma procura maior dos alunos, não só com deficiência visual, mas com todas as outras também. A sociedade tem entendido melhor que a inclusão é uma bandeira que precisa ser defendida”, diz. Susana também frisa que as famílias cada vez mais entendem a necessidade de levar essas crianças para as escolas. “É no colégio que o desenvolvimento acontece”, completa.

Convivência

Para Regina Batista dos Anjos, 32 anos, e Eunice Dias, 36 anos, é importante que as filhas Thaiz e Carolina, respectivamente, ambas de 11 anos e cegas, participem do ensino regular e convivam com outras crianças. Thaiz e Carolina estudam na Escola Classe 104, em São Sebastião, e as mães confirmam que os centros de ensino ainda precisam se aprimorar para receber os estudantes com deficiências.

“Minha filha, a Thaiz, está há três anos no ensino regular e, apesar do comprometimento dos professores, existem aulas que precisam ser reforçadas. A de música e a de soroban — para realizar cálculo —, por exemplo, foram suspensas algumas vezes. Eles não souberam explicar o motivo, mas eu imagino que tenha sido por falta de gente especializada. Mas os alunos não podem ser prejudicados. Saber matemática é fundamental na vida de qualquer pessoa”, diz Regina. “Adoro ir para a escola. É muito importante para mim, e essas matérias (música e matemática) são as que eu mais gosto de aprender”, completa Thaiz dos Anjos, estudante da 4ª série.

Carolina Dias, que estuda na mesma sala que Thaiz, endossa as palavras da amiga: “Meus professores e colegas são superlegais e eu me dou bem com cada um deles. Gosto muito de ir à escola e, principalmente, das aulas de música e de matemática. É importante que a gente aprenda igual a todos os outros estudantes”, defende.

A mãe de Carolina, Eunice Dias, aprova as políticas de inclusão social na área educacional, mas reclama da falta de material em braille para os alunos. “O atendimento dos professores é bom, mas é preciso mais gente capacitada. A Carol gosta muito de ir para a aula, o que acho importante. Ela é capaz, não é diferente de ninguém, e precisa estudar. Mas eu acredito que falta muito material em braille. Esses livros deviam ser preparados da mesma forma que os de tinta. Se não faltam livros para os outros alunos, por que falta para os que têm deficiência visual? Não pode”, critica.


Origem francesa

Em 1829, o francês Louis Braille, que ficou cego devido a um acidente na oficina de arreios e selas do seu pai, criou o método braille para permitir aos deficientes visuais, por meio do tato, a possibilidade de ler e escrever. O sistema é formado por seis caracteres em relevo, que possibilitam a formação de 63 combinações que podem representar letras simples e acentuadas, pontuações, algarismo, sinais algébricos e notas musicais.
 
Luiza Seixa
Publicação: 22/02/2010 08:51

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